segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

aquilino ribeiro em famalicão




No âmbito do Centenário da Implantação da República em Portugal, a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão e o Museu Bernardino Machado convidou Henrique Almeida, da Universidade Católica de Viseu, para proferir a conferência “Aquilino Ribeiro entre a Monarquia e a República”, a qual irá decorrer no dia 4 de Março do corrente ano pelas 18h30 no respectivo Museu. A conferência encontra-se relacionada com a exposição que está patente no Museu Bernardino Machado denominada “Homenagem a Aquilino: Aquilino Desconhecido”, organizada pelo Centro Cultural de Paredes de Coura e integrada na actividade “A República em Paredes de Coura”. A exposição dedicada a Aquilino Ribeiro é composta por doze telas que apresentam uma cronologia da vida e da obra do escritor através de textos, ilustrações documentais e fotografias do escritor em diferentes fases da sua vida.




Doutorado pela Universidade Católica Portuguesa em Línguas e Literaturas Modernas com a tese “Aquilino Ribeiro, entre Jornalismo e Literatura” (2001), Henrique Almeida é Mestre em Cultura Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa, Pós-Graduado em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior e Diplomadp pela Faculdade de Letras de Coimbra em Estudos de Política Cultural e Autárquica. É, actualmente, professor na Universidade Católica e Docente convidado no Instituto Politécnico de Viseu. Para além da coordenação do Grupo de Missão do projecto do Museu Municipal de Viseu (2007-2010), tem não só dirigido projectos culturais e educativos, como igualmente editado várias publicações na área da literatura portuguesa, do património cultural e da história local. Dos seus estudos salientamos “Aquilino Ribeiro e a Crítica: estudo sobre a obra aquiliana e sua recepção crítica” (1993) ou “Aquilino Ribeiro: o fascínio e a escrita da Terra” (2003). Dirige a revista desde 1992 “Cadernos Aquilianos”, a qual é editada pelo Centro de Estudos Aquilino Ribeiro, tendo sido um dos sócios fundadores do respectivo centro. A proposta de Henrique Almeida é a de abordar algumas questões sociais e ideológicas que marcaram a primeira década do século XX, centrando-se na intervenção militante do jovem Aquilino Ribeiro na defesa dos ideais republicanos, levando-o a colaborar na imprensa da época, caso de “A Vanguarda”, a “Ilustração Portuguesa”, a “Alma Nacional” e “A Beira”.



Os dois volumes que aqui apresento vão ao encontro da conferência aqui referida. Acaba por ser uma sugestão de leitura. Foram organizados por Jorge Reis, e publicados pela editora Vega em 1988. Dizem respeito aos três exílios de Aquilino Ribeiro em Paris, cuja cronologia Reis assim adoptou: no primeiro volume, surgem textos de Aquilino entre 1908 a 1914, e, por seu turno, no segundo, textos publicados na imprensa entre 1927-1928 e 1928-1931, caso da “Ilustração Portuguesa”. “A Beira”, “Alma Nacional”, “A Capital, “A Vanguarda” e “Ilustração”. Ambos os volumes contêm uma cronologia perante as datas respectivas, com os acontecimentos quer em França quer em Portugal e no 2.º volume, para além do índice onomástico, surgem notas adicionais, com biografias interpretativas à volta das personalidades que vão aparecendo nos textos de Aquilino. Aquilino, nestes textos, evoca-nos a crise da literatura, as convulsões e as mutações sociais, os artistas portugueses em Paris, a vida parisiense (cultural, escrevendo, por exemplo, sobre Henri Bergson), ou, a seguir à implantação da República em Portugal, da vida social e política portuguesa. Uma vez mais, conforme tenho feito referência, o desenho de Leal Câmara publicado em “L`Assiette au Beurre”, a 22 de Outubro de 1910, número consagrado à implantação da República em Portugal, evoca uma República masculinizada e guerreira, já não aquela República feminina angelical e transcendente antes da Revolução, com ideais inspirados no quadro de Delacroix. A imagem simbólica inicial foi adulterada pela imprensa me pelos próprios artistas.



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

eduardo lourenço e camilo


A vinda de Eduardo Lourenço a V. N. de Famalicão merece a minha dupla homenagem pessoal. Não é, aliás, a primeira vez que Lourenço vem a Famalicão: já cá esteve presente em 1990 no âmbito das comemorações do Centenário do Falecimento de Camilo Castelo Branco, no Colóquio Internacional que então se realizou em Seide. Agora, uma vez mais, estará presente em Seide, a convite da autarquia famalicense e da Casa-Museu Camilo Castelo Branco, na 40.º sessão da actividade denominada "Um Livro, Um Filme", escolhendo o filme "Deus Sabe Quanto Amei", de Vicenti Minnelli (1958), baseado no romance homónimo de James Jones. A sessão irá decorrer no auditório do Centro de Estudos Camilianos no próximo dia 23, às 21h30.




O facto de Eduardo Lourenço vir até nós e, mais concretamente a Seide, fez-me lembrar aquele ensaio com o título "Situação de Camilo", o qual está publicado no livro "O Canto do Signo" (1994). Esta será uma das minhas homenagens e referências, enquanto leitor de Camilo e de Eduardo Lourenço. A segunda razão de ser da minha homenagem deve-se principalmente em ser, tal como já o disse, seu leitor, fazendo-me perceber que uma interpretação a um texto, a uma obra, a um autor (filósofo e escritor), pode ser realizada para além das academias, baseando a sua intepretação num impressionismo ensaístico encantatório, perante aquilo que nos vai na alma, enqunto leitores, na descoberta daquilo que somos e poderemos ser entre a filosofia e a literatura para a compreensão da cultura portuguesa, na descoberta do nosso espaço. Leituras como "Heterodoxia" (1987), "Fernando Pessoa: roi de notre Baviere" (1989), "Nós e a Europa ou as Duas Razões" (1989), "Portugal como Destino seguido de Mitologia da Saudade" (1999), ou, por exemplo, o célebre mítico livro "O Labirinto da Saudade" (1999), entre tantos outros (dos que tenho colocarei as capas e algumas citações em htt://litfil.blogspot.com), fazem-nos perceber inquetionavelmente que não pertencemos a este mundo, mas a um outro, a um novo mundo que há-de vir, para nos integrarmos neste de mentes abertas e clarificadoras e mais presentes neste mesmo mundo.



Nos seus oitenta anos, a figura mítica de Eduardo Lourenço, tornou-se ainda mais na figura arquetípica na e da vida cultural portuguesa, não propriamente numa "figura típica", como dele pretende fazer crer Eduardo Prado Coelho, como escreveu no jornal "Público em 22 de Maio de 2003. Mas Prado Coelho exalta-nos a figura arquetípica de Lourenço, nesse mesmo texto (publica um outro no dia seguinte) quando nos diz que tem a paixão de compreender" e "isto começa por ser a apixão de compreender o outro." E acrescenta: "De uma curiosidade sem limites que vai da filosofia à política, da literatura ao futebol, do cinema até aos aspectos mais fúteis da comédia humana, Eduardo Lourenço é alguém que sempre se interessou pelo mundo e pelas pessoas de um modo que podemos dizer dominado pela noção de totalidade (há nele uma espécie de pulsão hegeliana que acabou disseminada numa forma de composição intelectual mais próxima da aventura do ensaio do que da sistematicidade da filosofia profissional, e daí que Pascal, Kierkegaard ou Nietzsche sejam algumas das suas referências fundamentais)." Foi, definitivamente prado Coelho, com estas simples palavras, que me fez perceber e entender ainda mais, do que qualquer ensaio profissional ou académico e, evidentemente, para além das leituras, o ensaísta dos ensaístas portugueses, que alia a filosofia à literatura para compreendermos a cultura portuguesa e o nosso próprio mundo. Não sei se alguma vez entre os dois eduardos tenha havido um choque de ideias, ou uma zanga intelectual. Daqui que Lourenço ficará concerteza satisfeitoem saber que a bibliotecade Prado Coelho se encontra entre nós, mais propriamente na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco.




Camilo, portanto, e, quer se queira quer não, sempre eterno. Será, precisamente, esta mesma eternidade de Camilo que Eduardo Lourenço exulta no texto já focado, "Situação de Camilo". Ao colocar a problemática, se Camilo se encontra ou não desfazado da cultura portuguesa, acaba por concluir, argumentando, já na parte final do texto, que Camilo, mais do que qualquer outro escritor, "entendeu que o corpo da nossa língua era também e, antes de tudo, a nossa alma." Retrata-nos, de seguida, a situação de Camilo no seu tempo histórico, para descodificar a interioridade da ficção. No primeiro momento, temos um Camilo como "um homem entre dois mundos", dizendo-nos Lourenço que "Camilo tem um pé no mundo antigo da monarquia absoluta que não acabava de agonizar perante os seus olhos, mundo de que será afinal o verdadeiro cronista senão o romancista, e o outro, no mundo novo do liberalismo que não escapará nunca aos seus sarcasmos e às suas invectivas." No Camilo ficcional, temos em Lourenço um Camilo enquanto escritor protótipo da "vida como ficção - tragédia, drama e comédia juntos", em cuja ficção surge principalmente a temática da paixão. Desta forma, na interpretação de Lourenço, Camilo "ensinou-nos a ficção do nosso presente: descobrindo-se Portugal a si próprio como um continente romanesco." Esta é a eternidade camiliana, dizendo-nos Lourenço que a paixão desceu do céu á terra, acrescentando a estas suas palavras o não esquecimento de Camilo de uma teologia amorosa, não terrífica, apesar da consistência dos dois paradigmas na sua ficção, em direcçãp a eros e a thanatos neste mundo, não no outro. Como costumo dizer, ou Eduardo Lourenço ou nada!


as mulheres na república

Para o Dr. Manuel Machado Sá Marques, com um grande abraço de fraterna amizade


  • No âmbito do Centenário da Implantação da República em Portugal, vai ser apresentado no Museu Bernardino Machado o livro de Fina D`Armada com o título “As Mulheres na Implantação da República”, no dia 28 de Fevereiro pelas 16h30. A organização do evento cabe à instituição CIVITAS-Delegação de Braga. A apresentação do livro e da autora será de Adília Fernandes, investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória/Universidade do Minho e do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade/Universidade do Porto. Tem colaborado no “Boletim Cultural” da autarquia famalicense, particularmente na 3.ª série, com estudos sobre o feminismo e a condição da mulher em Portugal. Pretendendo com a obra “As Mulheres na Implantação da República” edificar o retrato das mulheres de norte a sul do país que tiveram algum papel no processo de implantação da República”, realçando, ao mesmo tempo, “as lutas femininas colectivas ou isoladas para a instauração de um novo regime, depositando nessa mudança o desejo de melhoria da sua condição”, Fina D`Armada, natural de de Riba de Âncora (Caminha, distrito de Viana do Castelo), é licenciada em História e Mestre em “Estudos sobre as Mulheres” pela Universidade Aberta. Equiparada a bolseira pelo INIC (1977-1979), é autora em obras individuais e colectivas sobre fenomenologia, história das mulheres, história local e descobrimentos. A sua obra “Mulheres Navegantes no tempo de Vasco da Gama” recebeu o prémio “Mulher Investigação Carolina Michaeles de Vasconcelos, 2005”. Em 24 de Julho de 2010, a Câmara de Caminha condecorou Fina D`Armada com a Medalha de Mérito Dourada “por uma vida inteira dedicada às letras, às mulheres e à singularidade de fazer a diferença.” Foi homenageada em 17 de Outubro de 2010 pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), por uma vida “dedicada à causa das mulheres”. Elza Pais, Secretária de Estado da Igualdade, que prefacia o livro “As Mulheres na Implantação da República”, diz-nos que nesta obra, Fina D`Armada convida-nos a uma viagem contra a invisibilidade das mulheres na luta pela implantação da nossa centenária República.” Fina D`Armada, que tem algumas das suas obras traduzidas e publicadas em espanhol, francês e inglês, realizará uma conferência intitulada “As Mulheres na República”. Após a apresentação do livro e da autora, assim como da conferência, irá realizar-se uma homenagem a Elzira Dantas Machado (mulher de Bernardino Machado) e sua filha, Rita Dantas Machado, destacadas activistas da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e dos Direitos das Mulheres. O Dr. Manuel Machado Sá Marques, neto e filho das homenageadas, irá proferir um depoimento. No final, haverá um momento musical pelos alunos da Fundação Castro Alves/CCM/ARTAVE.

Rita Dantas Machado
  • Ainda recentemente no Museu Bernardino Machado, o prof. Fernando Catroga na conferência que realizou intitulada "As Mulheres na República", e integrada no IV Ciclo de Conferências denominado "As Mulheres e a I República", ao evocar o escol ou a élite de activistas feministas que apareceram com uma clara politização, realçou o papel de Elzira Dantas Machado (Rio de Janeiro, 15 Dezembro 1865; Porto, 21 Abril 1942). Neste sentido, desenvolveu grande actividade cívica em prol dos direitos da mulher e dos ideais republicanos e patrióticos, militando na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, presidindo à Associação de Propaganda Feminista e na Cruzada das Mulheres Portuguesas, esta fundada por sua iniciativa para apoiar os soldados e as suas famílias na 1.ª Grande Guerra Mundial. Escreveu o livro "Contos" (V. N. de Famalicão, 1938), dedicando-os aos seus netos, o qual foi recentemente reeditado em Paredes de Coura no âmbito das comemorações da ímplantação da República em Portugal, na actividade "A República em Terras de Coura", numa edição ilustrada por José Emídio e prefaciada por Aquilino Ribeiro Machado (2010). Existe igualmente deste livro de Elzira Machado uma tradução para espanhol intitulada "Cuentos para mis netos" (2010), tradução da advogada colombiana naturalizada cidadã portuguesa Martha Esperanza Ramos de Echandía, contendo um texto introdutório de Manuel Sá Marques, o qual, neto de Elzira Machado, a evoca nos seguintes termos: "Minha avó viveu no Porto desde os cinco anos de idade. Ali recebeu a sua educação e instrução que naquela época era dada às filhas de famílias da "alta burguesia": aprendeu de uma "forma esmerada" tudo o que necessitava para o matrimónio e à vida familiar, e, ao mesmto tempo, estudou literatura portuguesa e de outros países e aprendeu línguas estrangeiras, falava fluidamente o francês e o inglês. / [...] Uniu toda a sua formação humanista que recebeu com a que encontrou em Bernardino Machado, com quem se casou e educou uma descendência de dezanove filhos. Acompanhou o seu marido nas suas actividades de pedagogo e de homem de estado, tanto em Portugal como no estrangeiro."

Elzira Machado Dantas



Cruzada das Mulheres Portuguesas



  • No caso de Rita Dantas Machado (1888-1970), mãe de Manuel Sá Marques, participou activamente e civicamente na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e na Associação de Propaganda Feminista. Transcrevo um extracto do "Dicionário no Feminino", citação que se encontra no texto de Manuel Sá Marques intitulado "A Greve Académica de 1907 - sua relação com a constituição da família Machado Sá Marques" ("Boletim Cultural". V. N. de Famalicão, 3.ª série, n.º 3/4, 2007/2088, pp. 319-324), a propósito de Rita Dantas Machado: "... foi, entre 1910 e 1911, das principais activistas das associações femininas, tendo desempenhado cargos na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e na Associação de Propaganda Feminista. Logo na primeira assembleia-geral da Liga Republicana das Mulheres, realizada em Fevereiro de 1909, foi eleita secretária da direcção e, nos dois anos seguintes, ocupou o lugar de tesoureira. Participou nas inciativas políticas mais relevantes que contribuíram para a consolidação da organização, tendo secretariado reuniões em 1909 e 1910 e assinado diversos documentos, como a mensagem dirigida ao Congresso Republicano que decorreu em Setúbal, em Abril de 1909; a saudação endossada ao novo Directório do Partido Republicano Português; o reconhecimento a José Relvas, em Julho de 1910, pelos serviços prestados ao ideal republicano; ou a congratulação pela adesão de Miguel Bombarda ao PRP. Também integrou o primeiro núcleo de feministas que pugnaram pelo sufrágio feminino e pertenceu á comissão criada no seio da Liga em Dezembro de 1910 para se fazer a sua propaganda. Saudou o ministro das finanças, José Relvas, por ter admitido mulheres nos empregos do Estado e, em Fevereiro de 1911, assinou a Representação entregue pela Comissão de Propaganda Feminista a Teófilo Braga, onde se reivindicava o voto para a mulher economicamente independente. Com posições próximas de Ana de Castro Osório, e na sequência de divergências no interior da Liga, demitiu-se em Abril de 1911, do cargo de tesoureira e integrou a equipa fundadora da Associação de Propaganda Feminina, sendo uma das suas vogais, juntamente com Irene Zuzarte. Em Julho de 1911, assinou a representação que a nova agremiação enviou à Assembleia Nacional Constituinte, pedindo que a lei do país contemplasse o voto estrito para a mulher."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

somerset maugham na biblioteca


«Reza, quando regressares ao mundo,
repousado da longa viagem»,
disse o terceiro espírito ao segundo,
«lembra-te de mim, que sou Pia:
Siena fez-me, Maremma desfez-me:
bem sabe aquele que,
depois do noivado, me desposou com o seu anel.»

Dante


Ainda até hoje não descobri qual será aquele romance de Somerset Maugham que cheguei a ver num filme aqui há uns anos, aos anos que já foi mesmo, que então passava na televisão. A história, segundo a evocação da memória ao escrever estas linhas, relata o amor não correspondido de um jovem por uma amiga que entretanto se pretende casar, encontrando-se já noiva, transmitindo-lhe a amiga esse mesmo acontecimento fatal. A invasão da personagem masculina é total, invasão do amor para esquecimento, invasão do país, invasão do seu próprio meio social, invasão de si próprio para novos caminhos existenciais. Refugia-se nos mais variados precários trabalhos para sustento do dia e em todos esses trabalhos todos o acham diferente, como se não pertencendo a esse mundo, vivendo das suas leituras e reflexões, em comunhão permanente com os seus companheiros. O seu mundo era o seu quarto, diz-me a memória, o qual se encontrava forrado de livros. Passados anos, volta à sua pátria, ao seu mundo do real, ao seu enraizamento, e a sua amada esperava-o, porque viúva, assim o julgo, diz-me a memória, mas resistiu. Seguiu simplesmente o seu mundo. Foi apenas uma visita social. Eis o que a memória retém. Será o “Fio da Navalha”? “O Destino de um Homem?” Não sei, vou ver se arranjo estes livros para descobrir o mistério. Das leituras de Maugham apenas “Servidão Humana”, onde podemos ler destas coisas, assim: “O Amor é uma coisa terrível, não é? Imagina que há quem deseje amar…”, “O Mágico”, cuja principal personagem é Aleister Crowley, o amigo esotérico de Fernando Pessoa, retratando-nos Maugham os círculos intelectuais parisienses do início do século XX, e este “Véu Pintado”, romance que foi influenciado pelos versos de Dante que estão em epígrafe. No prefácio a este “Véu Pintado”, o outro lado do humano, é, segundo Maugham nos diz, o seu único romance cujo início foi uma história e não uma personagem, até porque as personagens é que foram escolhidas para a história. A história da felicidade do ser humano e da sua própria condição humana em busca dessa mesma felicidade, eis as histórias de Maugham. Estas linhas vieram a propósito da actividade que a Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco vai promover à volta no seu CineLiterário, uma viagem entre a literatura e o cinema, tendo por base este livro de Maugham, no próximo dia 18 de Fevereiro, pelas 21h30, no auditório, cujo filme foi realizado por john curran em 2006 e baseado na obra homónima de maugham.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

as mulheres na república


No âmbito do Centenário da Implantação da República em Portugal, vai ser apresentado no Museu Bernardino Machado o livro de Fina D`Armada com o título “As Mulheres na Implantação da República”, no dia 28 de Fevereiro pelas 16h30. A organização do evento cabe à instituição CIVITAS-Delegação de Braga. A apresentação do livro e da autora será de Adília Fernandes, investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória/Universidade do Minho e do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade/Universidade do Porto. Tem colaborado no “Boletim Cultural” da autarquia famalicense, particularmente na 3.ª série, com estudos sobre o feminismo e a condição da mulher em Portugal. Pretendendo com a obra “As Mulheres na Implantação da República” edificar o retrato #das mulheres de norte a sul do país que tiveram algum papel no processo de implantação da República”, realçando, ao mesmo tempo, “as lutas femininas colectivas ou isoladas para a instauração de um novo regime, depositando nessa mudança o desejo de melhoria da sua condição”, Fina D`Armada, natural de de Riba de Âncora (Caminha, distrito de Viana do Castelo), é licenciada em História e Mestre em “Estudos sobre as Mulheres” pela Universidade Aberta. Equiparada a bolseira pelo INIC (1977-1979), é autora em obras individuais e colectivas sobre fenomenologia, história das mulheres, história local e descobrimentos. A sua obra “Mulheres Navegantes no tempo de Vasco da Gama” recebeu o prémio “Mulher Investigação Carolina Michaeles de Vasconcelos, 2005”. Em 24 de Julho de 2010, a Câmara de Caminha condecorou Fina D`Armada com a Medalha de Mérito Dourada “por uma vida inteira dedicada às letras, às mulheres e à singularidade de fazer a diferença.” Foi homenageada em 17 de Outubro de 2010 pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), por uma vida “dedicada à causa das mulheres”. Segundo Elza Pais, Secretária de estado da Igualdade, que prefacia o livro “As Mulheres na Implantação da República”, diz-nos que nesta obra, Fina D`Armada convida-nos a uma viagem contra a invisibilidade das mulheres na luta pela implantação da nossa centenária República.” Fina D`Armada tem algumas das suas obras traduzidas e publicadas em espanhol, francês e inglês.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

china e silva mendes

o texto de manuel da silva mendes que aqui coloco hoje era o que faltava no post do dia 3 de fevereiro do corrente. fica assim completa a sua parca colaboração, mas não menos interessante, pela imprensa de vila nova.



Manuel da Silva Mendes - "A Questão da China". In O Regenerador. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 38 (21 Jul. 1900), p. 2.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

prado coelho e camilo

"Há, com efeito, na obra de Camilo Castelo Branco, uma estética, uma retórica e uma concepção da vida (ou uma «filosofia», se quiserem), interpenetrando-se, como elementos substancialmente convergentes, e a cuja consideração tem de subordinar-se a crítica, no respeitante ao que há de idealismo ou de naturalismo na sua arte." (35)
A. do Prado Coelho


CASTELO BRANCO, Camilo
Camilo Castelo Branco. Introd., sel. de textos A. de Prado Coelho. Lisboa: Sociedade Editorial e Livraria, [1943]. (As Melhores Páginas da Literatura Portuguesa).
Contém extractos textuais dos livros de Camilo "A Bruxa de Monte Córdova", "O Judeu", "O Romance dum Homem Rico", "A Brasileira de Prazins", "Amor de Perdição", "Cenas Contemporâneas", "A Caveira da Mártir", "Vingança", "O Santo da Montanha", "O Sangue", "Doze Casamentos Felizes", "O Que Fazem Mulheres", "Lágrimas Abençoadas", "A Corja", "Coração, Cabeça e Estômago", "A Doida do Candal", "Maria Moisés", "Serões de S. Miguel de Seide", "Cenas Inocentes da Comédia Humana", "Noites de Insónia", "A Sereia" e de "O Bem e o Mal". O Rui Araújo, ver http://trechosdefama.blogspot.com, teve a amabilidade de ceder este livro para o aqui referenciar. Abraço fraternal.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

antónio freitas

estas fantásticas fotografias, a maior parte delas aéreas, são do fotógrafo famalicense antónio freitas, assim como as que estão no lado direito do blog, pelo menos seleccionei umas treze da página do município famalicense do facebook. com as que ponho hoje aqui neste post, fazem dezassete, no total. um abraço ao nosso fotógrafo por estas excelentes fotografias. parecem as minhas, a partir do momento em que elas não saiam mal! ehehehehehehehe









sábado, 5 de fevereiro de 2011

uma vez mais, silva mendes

o prof. antónio aresta teve a amabilidade de me oferecer, entre outros, estes livros de manuel da silva mendes, por ele organizados. o volume "sobre filosofia" contém textos que silva mendes publicou na imprensa macaense, caso de "O Progresso", "O Jornal de Macau", "O Macaense", "Notícias de Macau", entre outros. contém a famosa conferência de silva mendes pronunciada no grémio militar de macau em 3 de janeiro de 1909, com o título "Lao-Tze e a sua doutrina segundo o Tao-Te-King" e os famosíssimos "Excertos de Filosofia Taoísta". O volume da "instrução pública em macau" reúne, igualmente, textos da imprensa macaense, na qual Silva Mendes manteve uma profícua e original colaboração. resta-me apenas agradecer ao prof. antónio aresta este gesto, que reconheço grato, pela oferta destes seus preciosos trabalhos à volta de uma personalidade e de um pensamento original. com um abraço de amizade fraterna.



"O "Tao-virtualidade", em Silva Mendes, conjugar-se-á com uma realidade algo transcendente próxima das preocupações cosmológicas dos filósofos pré-socráticos. / A virtualidade do Tao está conotada com a construção de uma ética colectivista e impessoal com ramificações em todas as áreas do saber, um saber também a construir. Silva Mendes poetiza a crítica dessa construção, com sobriedade e erudição, apontando a crença no imaterial e na força da tradição." (antónio aresta, manuel da silva mendes e a poética do taoísmo, p. 329)